domingo, 21 de agosto de 2016

Cabelo Natural e Liberdade


Tenho acompanhado vários vídeos de mulheres que decidiram não alisar mais seus cabelos para deixa-los naturais.  E de fato, esse movimento de valorização e de empoderamento das mulheres crespas e cacheadas tem tomado proporções e visualidade cada vez maiores.



Solange Knowles, uma cantora e atriz norte-americana, por diversas vezes causou frisson ao aparecer com seus cabelos crespos. E sua irmã, Beyoncé, também causou polêmica ao se apresentar com um corpo de bailarinas vestidas com um figurino alusivo ao Partido Panteras Negras e usando Black Power.

 Foto: Reuters

Lupida Nyong'o , ganhadora de um Óscar  de melhor atriz coadjuvante por sua atuação em 12 Anos de Escravidão,   também é um forte exemplo de celebridade que usa seu cabelo natural.

http://likesuccess.com/author/lupita-nyongo

Entre as brasileiras, temos a Taís Araújo.

 Taís Araújo (Foto: Getty Images e Divulgação)


Mas, porque isso? Moda ou um recado?

Recado de que o cabelo natural é sinônimo de liberdade! 

Sim, LIBERDADE!!!!

Eu mesma, desde que passei a usar meu cabelo natural, tenho sentido uma liberdade indescritível.

Durante anos, mulheres foram privadas de serem elas mesmas. Passando por diversos procedimentos agressivos tanto aos fios de cabelo, quanto a sua auto-estima. 

Vários movimentos surgem na busca do resgate da identidade perdida ou ofuscada pela mídia e pela moda. 

Talvez o lema agora seja: Deixe-o natural e seja livre!!!



Por Débora Justino 


Referência: GOMES, Nilma. Corpo e cabelo como símbolos da identidade negra. Disponívelhttp://www.acaoeducativa.org.br/fdh/wp-content/uploads/2012/10/Corpo-e-cabelo-como-s%C3%ADmbolos-da-identidade-negra.pdf
Cabelo Crespo e Infância: uma pequena reflexão.

7 Meninas Crespas | Lulu e Lili Acessórios | Foto: Quilombo dos Meninos Crespos


Estava pensando qual seria o foco desse novo post e durante minhas pesquisas, lembrei-me de um livro infantil chamado “O Cabelo de Lelê”. Inclusive, prometo deixar o link para quem quiser lê-lo na íntegra.







Segundo Maria Bento, em sua obra “Educação Infantil, Igualdade Racial e Diversidade”, crianças entre 4 e 5 anos já desenvolvem algum tipo de conceituação ou identificação racial. Assim, desde muito cedo é necessário que a família já inicie uma formação de valorização de suas raízes.

Pois, bem! “O Cabelo de Lelê” me levou a pensar como hoje as crianças de cabelos encaracolado ou crespos tem em livros, ainda que em poucos, expressados alguma representatividade.

No enredo, Lelê é uma garotinha que se pergunta o porquê dos seus cabelos cheios de cachos  e em um livro sobre o continente africano acaba encontrando as respostas.

O interessante é que em todo tempo, os cabelos da Lelê são um motivo de orgulho e não de vergonha. Quantas das nossas crianças passam por situações constrangedoras na escola? Ou nós mesmos já as  passamos?

Lembro-me dos apelidos que recebia quando criança pelos meus colegas de turma na escola ou mesmo os coleguinhas que moravam na mesma rua. “Nêga do Cabelo Duro”, “Cabelo de Bombril” e entre outros...

Isso gerou em mim um complexo que só superei na fase adulta, quando enfim,  tomei consciência de quem sou de verdade.

Mas, voltando ao assunto, essa iniciativa é muito bacana. Nossas crianças negras precisam compreender que são lindas como todas as outras, e que a beleza não deve ter um padrão. Ainda que a indústria da moda imponha isto!




Outra aspecto bacana do livro é o incentivo a leitura e a pesquisa. Lelê tinha uma dúvida e foi pesquisar  descobrindo suas raízes africanas. Legal né?

Bom, galera. Fica aqui a dica para um bom presente para seus filhos, sobrinhos, afilhados ou netinhos cacheados/crespos. 


Espero que tenham gostado e até a próxima!

Por Débora Justino

Referência bibliográfica: